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Como foi fazer um Retiro Espiritual na Índia (por Juliana Brum)

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Como foi fazer um Retiro Espiritual na Índia (por Juliana Brum)

Como foi fazer um Retiro Espiritual na Índia (por Juliana Brum)

Em uma das minhas últimas visitas a São Paulo, conheci a Juliana Brum em um evento, conversamos um pouco sobre nossas viagens e ela comentou que estaria indo em breve para Índia para ter uma experiência de retiro espiritual, foi quando em algumas conversas que tivemos depois, surgiu a idéia de fazermos uma matéria sobre essa viagem, e compartilhar aqui com vocês.

Bem, na mesma viagem, a Juliana acabou conhecendo também a África do Sul, onde teve experiência de trabalho voluntário, mas abordaremos nessa entrevista, sobre a experiência do retiro espiritual.

> O que te levou a buscar o retiro espiritual na Índia?

Há algum tempo já pensava em fazer um retiro. Queria que fosse em algum centro budista, mas nunca pensei que seria na Índia.

Em 2016 comecei a fazer Yoga e a aprender mais sobre a cultura Indiana.

Comecei a pesquisar e a me identificar bastante com o que eles acreditam, pois a prática tem me ajudado bastante em vários pontos da minha vida.

Durante minhas pesquisas, fiquei super curiosa pra saber como seria um retiro em um Ashram, que é um local usado para para a prática de meditação e Yoga, que normalmente fica localizado próximo da natureza.

Os relatos que vi, falavam sobre a transformação incrível que essa vivência trazia pra vida das pessoas que participavam, e como o norte da Índia é super conhecido por ter centenas de Ashrams, comecei a cogitar a possibilidade de um dia poder ter essa experiência por lá.

> Muitas pessoas tem sonhos mas não sabem quando devem realiza-los. Qual foi o fator decisivo pra que você partisse agora pra essa experiência?

Em Agosto de 2017, decidi que iria tirar férias no fim de Setembro, e por vários motivos, sentia que era hora de ter uma experiência como voluntária na África.

Achei uma boa opção na África do sul e estava certa de que iria pra lá.

Foi ai que comecei a cogitar a possibilidade de encaixar as duas experiências em uma só e conciliar Índia e África na mesma viagem.

Aprofundei no planejamento e nas pesquisas, e achei um Ashram em Rishikesh (norte da Índia) que preenchia os requisitos que eu buscava, e tinha uma programação que encaixava perfeitamente no meu roteiro. Mesmo sabendo que o meu tempo ficaria corrido, decidi fazer. Eu iria primeiro pra Índia para fazer o retiro espiritual de uma semana e em seguida o voluntariado na África. 

> Como foi sua chegada ao retiro em Rishikesh?

O Phool Chatti Ashram, aonde fiz o retiro espiritual, fica afastado da civilização, no pé dos himalayas e na beira do rio ganges, norte da Índia! O rio ganges para os indianos na verdade é uma deusa, Ganga Mai, e os indianos o consideram muito sagrado. Rishikesh é o único lugar aonde ele é completamente limpo, pois fica perto da nascente, no resto da Índia o rio é completamente poluído. Existem centenas de Ashrams diferentes e cada um oferece um tipo próprio de programa, no Phool Chatti, durante um período específico do ano, eles realizam o programa intensivo de 7 dias de yoga e meditação. Era exatamente este que eu estava ali para fazer.

> Eu (Danniel) particularmente tenho muita curiosidade de viver essa experiência em um retiro, acredito que muitos que estão lendo também. Nos conte como eram as atividades durante essa intensa semana que passou?

Nosso dia no Ashram era guiado por sinos, o primeiro era sempre as 5:30 da manhã, indicando que estava na hora de acordar. O dia é bem ocupado, são aulas de meditação, yoga, técnicas de respiração e rituais, quase não temos tempo livre. Grande parte do dia a gente fica em silencio, então conseguimos pensar muito na vida e prestar atenção nos pequenos detalhes.

A primeira atividade começava às 6h, meditação. A meditação da manhã era sempre em completo silencio, ouvindo apenas o rio ganges, era muito gostoso começar o dia assim (mas as vezes era muito difícil conseguir me manter acordada). Depois da meditação todos iam até o jardim onde era feito uma limpeza com água morna e sal no nariz e logo após fazíamos alguns exercícios de técnicas de respiração. Das 7:15 às 8:45 tínhamos a primeira aula de yoga do dia, é impressionante a evolução que todos tiveram do primeiro dia até o ultimo com as 3h de aula de yoga diárias. Só depois da yoga era servido o café da manhã, às 9h. Todas essas atividades anteriores eram feitas em jejum.

Todas as refeições deviam ser feitas em completo silêncio e o refeitório tinha uma vista incrível para o Rio. O café da manhã era um momento muito especial pra mim, poder ficar ali um tempo em silêncio só observando a paisagem e saboreando a refeição me causava um sentimento muito bom.

Depois do café da manhã era o momento do Karma yoga. Karma yoga significa que você precisa fazer alguma coisa por alguém sem esperar nada em troca. Então, durante 30 minutos tínhamos que ajudar em alguma coisa no Ashram, como por exemplo, varrer o chão, ou cuidar das plantas, etc. Depois do karma yoga a gente se preparava para a caminhada diária.

Todos os dias, as 10:30, a gente fazia uma caminhada diferente, sempre por algum lugar muito lindo. Nós fomos para cachoeiras, prainhas de rio, trilha na montanha, etc. Além do visual que era maravilhoso, as caminhadas nos obrigava a refletir sobre a nossa jornada. Um dos momentos mais especiais do retiro para mim, foi durante uma dessas caminhadas. Fomos até a beira do rio ganges para o ritual de purificação. Colhemos flores para oferecer a Ganga Mai e ficamos durante algum tempo cantando um mantra, a energia que se formou foi surreal, o rio tinha uma correnteza muito forte e a água era bem gelada.

Esse ritual foi muito intenso e assim que eu mergulhei, eu senti uma felicidade muito grande por estar vivendo aquilo (e por não ter sido levada pela correnteza).

O almoço era servido quando voltávamos da caminhada. Minha única dificuldade durante esse período todo no retiro foi em relação à comida. Eu não como nada que tenha pimenta, então o momento do almoço e do jantar pra mim era muito complicado, eu comi basicamente só arroz branco, chapati (que é tipo um pão indiano) e pepino, durante os 7 dias.

Depois do almoço era o único tempo (2 horas) que tínhamos completamente livre do dia.

> Normalmente o que você fazia nessas horas de folga?

Durante essas duas horas eu normalmente aproveitava para ir para a prainha que tinha na beira do rio ler algum livro. Esse tempo era legal também para a gente ter oportunidade de conversar com as outras pessoas que estavam no retiro.

Éramos um grupo em torno de 30 pessoas de vários países: Inglaterra, Alemanha, França, Austrália, Israel, Estados Unidos, Suíça e Holanda, etc. Tinha tudo quanto é tipo de gente das mais diferentes profissões.

Em um desses intervalos, uma das participantes do retiro veio conversar comigo e me contou que era uma escritora Israelense e que estava fazendo uma viagem pela índia para escrever um livro. Ela perguntou se podia me fazer algumas perguntas, pois gostaria de falar sobre mim no livro em que estava escrevendo. Acho engraçado pensar que eu posso estar sendo citada em algum livro no meio de Israel e nunca vou saber o que ela escreveu sobre mim, seria muito legal poder encontrar esse livro algum dia. Eu gostava muito desse período de intervalo, como a gente tinha uma rotina de atividades muito intensa esse momento era muito gostoso para poder relaxar.

> E as atividades no período da tarde, como funcionavam?

A próxima atividade começava às 15h e era leitura e discussão. Nesta atividade nos reuníamos com a líder espiritual do Ashram para nos aprofundarmos sobre as partes técnicas e teóricas e discutir sobre experiências pessoais. Com essas discussões ela nos mostrava como incorporar essas técnicas no nosso dia a dia e a mudança que podemos causar nas nossas vidas.

Logo após tínhamos a segunda aula de yoga do dia com duração de 1h30, a aula da tarde era bem mais power comparada com a da manhã, que era mais focada em posturas e alongamentos. Depois, fazíamos também, alguns exercícios de respiração.

Durante o por do sol, todos do Ashram se reuniam em frente ao templo em uma roda para o ritual diário. Era uma cerimonia bem diferente e barulhenta, tocávamos sinos enquanto o guru fazia alguma reza para o deus Shiva, quando ele terminava o ritual era passado uma chama por cada um para que pudéssemos “pegar essa energia” (essa é minha interpretação sobre o que acontecia haha, na verdade não faço ideia pra que era, mas eu curtia a simbologia).

Depois dessa cerimonia, todos se encaminhavam para uma sala, onde pegávamos alguns instrumentos e sentávamos no chão. O guru começava a cantar algum mantra e todos acompanhavam. Era impressionante sentir a força que essa energia coletiva emanava e sensações que causavam no corpo e na mente. Após isso seguíamos para o refeitório aonde era servido o jantar.

Nossa ultima atividade do dia era a meditação da noite. Essa meditação era sempre guiada e cada dia era explorado um tipo diferente de técnica.

As 21h eles tocavam o sino, indicando que hora de ir para o quarto. E essa rotina foi seguida durante os sete dias.

> Imagino o quão intenso foram esses dias. Como foi se despedir de todos e dessa experiencia?

Na ultima noite tivemos uma cerimonia de despedida muito gostosa. Foi feita uma fogueira no jardim e cada pessoa, ou grupo de pessoas do mesmo pais, tinha que fazer uma apresentação típica. As apresentações foram muito engraçadas e foi muito legal poder ter esse tempo de descontração para interagir com todo mundo e saber sobre a história de cada um ali.

> Hoje, como você analisa toda essa experiência?

Eu amei cada minuto dessa minha experiência. Acho essencial que a gente tenha uma rotina completamente diferente às vezes, para ter a oportunidade de refletir sobre diferentes pontos da nossa vida e aprender a valorizar tantas outras que as vezes passam despercebido. O retiro foi muito profundo, eu aprendi a me conhecer melhor, e tento aplicar varias técnicas no meu dia a dia, sem contar no benéfico do silencio e no beneficio em ficar longe da Internet e redes sociais.

Não tenho palavras para agradecer o tanto de gente incrível que cruzou meu caminho nessa caminhada na Índia e o quanto me deixa feliz ver o tanto de gente maravilhosa que existe no mundo.

“A vida é muito curta pra gente não fazer o que a gente quer.” (Uma das frases que a Juliana me falou durante nosso bate papo)

(Foto: Juliana Brum, nossa entrevistada)

_____

Fiquei muito feliz com a disposição da Juliana para essa matéria.

Para chegarmos a esse resultado foram horas de audios, mensagens, muitas histórias e risadas.

Obrigado por tudo Juliana, espero que consigamos mostrar para mais pessoas, que nossos sonhos e desejos podem sim ser realizados, com muito trabalho, planejamento, foco e determinação.

É isso pessoal, obrigado a todos que seguem os meus canais.

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Danniel Oliveira já conheceu mais de 80 países ao redor do mundo e tem como objetivo tornar viagens de experiência cada vez mais acessível para mais pessoas.

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